A eleição de Lula para presidente do Brasil, em 2022, representou a erupção da questão separatista no Brasil, após um breve período de hibernação. Os quatro anos de governo Bolsonaro serviram para asfixiar movimentos e lideranças independentistas. Inúmeros simpatizantes desse ideal foram ingenuamente cooptados por bolsonaristas. Um influente exemplo, neste caso, é a organização O Sul é Meu País. Outrora vigorosa e pujante, atualmente não traduz 30% do que foi há cinco ou seis anos. Muitos quadros desse movimento foram ludibriados pelo discurso de Jair Bolsonaro e deixaram de lado a grandiosa causa de independência do povo sulista. Em São Paulo a situação não foi distinta. Certos indivíduos caíram na lábia de que o Brasil poderia ser reformado por uma figura “honesta e visionária” como Jair Bolsonaro, após décadas de esquerdismo. Mera propaganda enganosa, que contudo viria causar estrago no sonho secessionista.
Costumamos argumentar nos fóruns e grupos do Movimento São Paulo Independente que a totalidade das associações independentistas do continente americano ainda estão num estágio mediano ou inicial. No caso de São Paulo, justiça seja feita, estamos na etapa intermediária. Não somos anêmicos como os movimentos pró-separação de Zulia na Venezuela ou tão atléticos quanto os separatistas sérvios de Srpska ou do Curdistão. Precisamos ampliar nossa atuação e nada melhor do que captar recursos pra expandir nossas atividades, ativismo, agitação e propaganda política.
O estágio do separatismo paulista é semelhante ao texano. Aproximadamente 70% dos seus apoiadores votam em Donald Trump, embora não deixem de apreciar a ideia de uma nação texana livre e soberana. De fato, é um problema, que faz parte do processo de evolução política. Não podemos cabriolar etapas históricas, sob pena de malogro do fim político. No entanto, é indispensável higienizar o Movimento São Paulo Independente de sentimentos reformistas e de tratamentos paliativos para a doença chamada República Federativa do Brasil.
Na Argentina, logo após os sucessivos reveses de Alberto Fernandéz, o debate separatista alvoreceu a ganhar holofotes na Argentina. O povo de Mendonza, exausto de anos de aflição socialista, está empreendendo a sua jornada em prol da liberdade e soberania. Mais ao sul, nossos irmãos da Patagônia, estão medindo esforços para persuadir toda nação patagônica contra Buenos Aires.
O fim político de Jair Bolsonaro poderá ser congênere ao do ex-presidenciável Aécio Neves. A pusilanimidade de Bolsonaro de amenizar a linguagem e não atacar o petismo é a exata do PSDB nas últimas eleições (2002, 2006, 2010 e 2014). Ao se apresentar como uma fortaleza antipetista, Jair Bolsonaro angariou seguidores e supriu a lacuna deixada pelos tucanos. Como sabemos, esse partido está praticamente submetido a desvanecer do cenário político nacional ou ser obrigado a abraçar a algum outro partido, em virtude da sua patética e generosa “oposição” às políticas do lulopetismo. Tão aleivosa foi a “resistência” tucana ao PT que os cardinais quadros desse partido abertamente manifestaram apoio a Lula nas eleições de 2022 (Geraldo Alckmin, José Serra, Aluísio Nunes, Fernando Henrique Cardoso e outros).
Apesar de ser uma criatura de admirado carisma, Bolsonaro não ousa romper com o sacrossanto Estado Democrático de Direito, embora seus adversários tenham extrapolado a decência e as regras do jogo político incontáveis vezes. Em momentos de elevada temperatura, como foi o 7 de setembro de 2021, Jair Bolsonaro decidiu tomar uma dose de dipirona e abortar a febre popular contra os excessos do Supremo Tribunal Federal, ainda que tivesse uma parcela da população disposta a cometer sacrifícios em prol da nação. Bastava um simples aceno do “mito” para incendiar toda pradaria.
Quiçá Bolsonaro não tenha a idêntica sorte de Aécio Neves. Em 2017/18, a PF esteve prestes a agrilhoar o cacique mineiro. A irmã chegou a ser detida, todavia o político, com o amparo de bons juristas, conseguiu se esquivar. O neto de Tancredo, desde então, desapareceu das redes sociais e se manifesta timidamente nas questões partidárias e nacionais. Na eleição de 2022, Aécio logrou mais um mandato de deputado federal por Minas, porém isso deve ser considerado um mero prêmio de consolação, pelo que esse personagem da política nacional já foi no passado.
Prestes a deixar a presidência, Bolsonaro ficará sem o foro privilegiado, o que aumenta o risco de ser investigado e preso por inúmeras acusações que pairam sobre sua pessoa, notadamente desde sua polêmica atuação na pandemia até o esquema de rachadinha que seus oponentes o acusam.
Diante de um cenário no qual Bolsonaro seja aprisionado, o bolsonarismo possivelmente não terá glória. Não existe getulismo sem Getúlio Vargas, assim como não existe trotskismo sem Trotski e nem lulismo sem Lula. O nome de Tarcísio é o mais forte até o dado momento, entretanto não sabemos o quão eficiente e preparado é esse ilustre cidadão. Seu nome foi feito através do Whatsapp por tios bolsonaristas na andropausa e tias na menopausa. O tempo dirá o quão qualificado é Tarcísio Gomes de Freitas. Caso obtenha brilhantura encabeçando o maior Estado da América do Sul, com certeza fará do seu mérito um trampolim para disputar a presidência do Brasil, como Geraldo Alckmin, José Serra, Orestes Quércia e Paulo Maluf fizeram.
Preferimos não depositar esperanças em políticos reformistas e emboabas e nem naqueles que usam São Paulo apenas como meio para pavimentar o sonho de ocupar o Palácio do Planalto. Nosso caminho é tão somente a separação de São Paulo do Brasil. O lulopetismo no Brasil e o peronismo na Argentina são os melhores "cabo eleitorais” do separatismo sul-americano. A eleição presidencial de 2022, no Brasil, comprovou o quão divergente é o interesse econômico e político das regiões. A única solução, mais uma vez, para o problema chamado Brasil é a secessão.
REFERÊNCIAS: Desilusão na Argentina ressuscita o separatismo. Disponível em: <https://revistaoeste.com/mundo/desilusao-na-argentina-ressuscita-separatismo/>Acesso em: 03 nov. 2022
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