CARLOS ALBERTO RODRIGUES JÚNIOR
Entra ano, sai ano, e tornou-se tradição questionar-se no dia 15 de Novembro os rumos do Brasil após a proclamação da República. É comum encontrarmos muitos descontentes com a atual situação dizendo que foi à partir deste fato histórico que as coisas desandaram no país, sob o argumento de que na época do Império as coisas estavam muito bem encaminhadas.
Primeiramente, devemos sim reconhecer que D. Pedro II de certa forma foi um homem de incontáveis qualidades. No entanto, não podemos nos esquecer que, ao contrário do que se costuma dizer, o Brasil não era uma nação desenvolvida no século XIX. Tratava-se de um país pobre, agrário, endividado, e que por muito pouco não ingressou no século XX tendo a escravidão plenamente legalizada. Não era um país industrializado, e não possuía sequer uma universidade consolidada. Independentemente de qualquer possível causa para justificar o atraso brasileiro, a realidade é que os problemas não se iniciaram após a proclamação da República.
O Brasil Independente nasceu como um "Império", e é justamente este o ponto que explica muito sobre o fracasso do citado país. Um verdadeira nação é construída através de de elementos que unem o povo através de um sentimento que forma uma unidade nacional. Um "Império", no entanto, é entendido como um conjunto de várias nações sob o domínio de uma liderança imposta quase sempre à força. E quando o Brasil emerge na forma de um "Império", já está implícita de forma muito evidente a visão da Família Real em relação à América lusófona.
Nunca houve de fato absolutamente nada que formasse uma unidade para a consolidação de uma nação brasileira. Muito pelo contrário, as diferentes regiões que compunham a América portuguesa eram totalmente diferentes entre si em todos os aspectos. Isso era tão evidente que ao longo de toda a história oficial do Brasil houveram diversos movimentos nativistas e independententistas surgidos em praticamente todas as regiões que compunham as colônias lusitanas no continente.
O Brasil não surgiu como uma verdadeira nação. Foi desenhado e criado de forma totalmente artificial. E passados quase duzentos anos, continuamos insistindo no maior erro cometido em desfavor dos povos lusófonos da América. Acreditamos sim que estes povos possuem grande potencial de se desenvolverem, mas cada qual ao seu tempo. Devem sim manter relações fraternas entre si, mas de forma soberana e independente, como deveria ter sido desde o início.
*O autor é colaborador do MSPI.
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