01/07/2016
Tendo como certeira a citação do teólogo luterano Albert Schweitzer, que afirmou "A quem me pergunta se sou pessimista ou otimista, respondo que o meu conhecimento é de pessimista, mas a minha vontade e a minha esperança são de otimista" eu somente posso tomar com o mais absoluto ceticismo a tudo o que envolva a Causa Paulista e explico o por que. Se há a necessidade de se mostrar aos nossos irmãos e conterrâneos que não há uma outra saída possível para nossa terra que não seja a secessão eu também sinto ser necessário explicar que esse tipo de rompimento não acontece de uma hora para a outra, sem que antes tenha existido um processo, somatório de ações planejadas (algumas) e sobretudo de uma série de circunstâncias históricas involuntárias. É a acumulação de elementos necessários para a mudança histórica.
As transformações históricas acontecem por meios revolucionários ou por sedimentação histórica. No caso das transformações sedimentadas estas não são rápidas e seu movimento se encontra dentro da chamada longuíssima duração. Uma série de mudanças individuais, dinâmicas, criam um momento em que o homem, sem se dar conta, abandonou os seus velhos hábitos, a sua velha cultura, a sua antiga condição e caminhou para um novo momento, sem, com isso, apagar totalmente a sua herança.
Em se tratando da causa Paulista, que fique aqui marcada a minha completa fé no seu mais absoluto sucesso, é preciso, contudo, se atentar que nenhuma mudança será realizada por vias revolucionárias, unicamente - no sentido mais moderno da expressão, como rompimento radical de uma ordem estabelecida preexistente. A causa é o resultado de milhares de ações inconscientes, promovidas pela dinâmica da relação do estado de São Paulo com a federação e as instituições do estado brasileiro, bem como pela ação norteadora de uma vanguarda revolucionária, consciente de seu papel de agitadora e semeadora de ideias, capaz de dar voz ao todo de nossa sociedade. A vanguarda revolucionária é o que os movimentos devem desempenhar e nisto, neste momento, há uma inquestionável maturidade e vantagem do MSPI, como maior representante da causa Paulista. Os melhores quadros estão em nosso movimento.
Precisamos ser sensatos em entender todos os momentos pelos quais a nossa jornada tem se construído. Toda fase de agitação é um momento no qual milhares de pessoas se exaltam e pensam que é chegado o momento da secessão. Essa agitação se dá durante uma eleição (já escrevi sobre isso alhures, pois as eleições são momentos de rompimento previstos dentro das dinâmicas das instituições democráticas) quando o seu candidato de predileção não saiu vitorioso da disputa ou, ainda bem mais recentemente, diante do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Acresça-se agora o caso do plebiscito inglês, onde o Reino Unido decidiu apartar-se da União Europeia, projeto que embora deva ser louvado por alguns de seus predicados e sobretudo por suas intenções, é condenado ao fracasso histórico, pelo menos moldes em que foi concebido.
Sabe o que o Brexit mudará para a causa da emancipação Paulista? Pouco além de nada. O que o impeachment da Dilma mudou para nós ou agregará a nossa causa? Quase nada.
O que estou aqui demonstrando é que esse "quase nada" é, historicamente, "alguma coisa". As transformações são de longa duração, em muito especial, no cenário em que nos encontramos, mas, mesmo assim, esses rompimentos não ordinários mostram que existe uma tendência, um caminho, uma marcha em progresso e esta marcha é a marcha da secessão, da fragmentação política e do retorno gradual ao "tribalismo" como uma resposta urgente e necessária aos projetos de tirania global, em especial política, porém, também, a econômica.
O que não se pode deixar acontecer é que o otimismo exagerado nos cegue a visão com a sua euforia desmedida e nem que o pessimismo sem perspectiva enfraqueça os nossos espíritos para as batalhas que temos que travar, que, certamente, são aquelas que a vanguarda revolucionária realiza diante da marcha constante e gradual das forças históricas.
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