segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Não se empolguem com políticos.

26/12/2020

JÚLIO BUENO


Em mais de uma década em que tenho dedicado parte do meu tempo e a minha devoção em trabalhar em favor da independência do Estado de São Paulo, sempre ouvi pessoas que perguntavam qual era o político que apoiava essa nossa ideia, essa nossa causa. Ou então ouvi muitos dizerem que precisamos ter um grande empresário por trás que banque a nossa causa.

Não que o apoio de políticos já assentados e com carreira estabelecida não fosse algo positivo. O problema é que os políticos que estão aí não querem se comprometer com uma causa radical, como é a Causa Paulista. Temem perder os seus esquemas, as suas boquinhas ou, na melhor das opções, o status quo que possuem hoje. Se em nossa sociedade ser político pode ser considerado como o apogeu da vida material, que mais um político "comum" poderia querer? Ele já alcançou o seu panteão. Só políticos idealistas poderiam aderir com convicção e verdadeira participação em favor da independência de São Paulo. Os políticos tradicionais apenas vão aderir, quando virem que a secessão será vista ao nascer do dia. Enquanto as trevas dessa longa noite de servidão permanecerem sobre nós, eles, os políticos, estarão sem olhos para a independência Paulista.

Já na classe empresarial a questão é um pouco diferente. O empresário é sufocado pela burocracia estatal que procede de todas as instâncias governamentais. Talvez possa faltar alguma imaginação de como seria empreender em um ambiente mais favorável para os negócios. Já entre os grandes monopolistas e capitalistas de estado, bom esses jamais irão querer se envolver com a secessão, pois já tem toda a sua riqueza provinda do consórcio que suas grandes corporações tem com o estado. O pequeno e médio empresário paulista somente tem a ganhar com a independência de São Paulo, tirando do seu caminho o atraso da burocracia pública exagerada. Menos impostos, mais liberdade para trabalhar. É tirar o governo do seu próprio bolso.

Mas, voltando aos políticos, em oposição ao governo federal e ao presidente Jair Bolsonaro, algumas pessoas parecem estar animadas com a atuação do governador João Dória Júnior (que, aliás, é de uma tradicional família baiana). Animam-se quando Dória dá sopapos retóricos no presidente (sopapos as vezes bem dados, mas, na maior parte das vezes, apenas palavrório vazio). Quisesse mesmo esse governador enfrentar Brasília e o "Leviatã brasileiro", declararia um estado de rebeldia fiscal, tributária e política. Ou fazem como São Paulo quer, aceitando o federalismo hegemônico Paulista, ou vamos dar o fora. Não há por que nosso estado investir bilhões de Reais em todo o tipo de área, como a saúde, medicina, pesquisa técnica, ciências sociais aplicadas, educação, etc, e não podermos usufruir plenamente desses resultados, simplesmente por que o governo brasileiro nos boicota. Não há por que pagar tantos bilhões de Reais em impostos e quase nada receber em troca (e lembrem-se, nesse quesito, a administração Bolsonaro foi a mais perversa, mais do que o próprio petismo, pois reduziu em 99% o repasse de recursos espontâneos de verbas federais para a cidade de São Paulo, que concentra, grosso modo, 1/4 de toda a população do estado). Hospitais da rede pública Paulista, como o Hospital das Clínicas, tem boa parte de seus leitos ocupados, de graça, por pessoas de outros estados que vem se tratar aqui, sem que os governos de seus estados de origem paguem qualquer custa médica. É uma vaga de um morador de São Paulo que está sendo usada por pessoa de outro estado. Parece cruel e é mesmo: uma crueldade com o povo Paulista.

Portanto, não criem expectativas com o governador Dória. Ele é só mais um tucano que usa o Palácio dos Bandeirantes como trampolim para chegar à presidência da república. Dória não nos chama do que somos, Paulistas, antes nos alcunha pelo ignominioso "brasileiros de São Paulo", que rejeito com todas as minhas forças. Ele não dá um só piu sobre o crime que a união pratica com São Paulo, ao surrupiar o dinheiro dos nossos impostos, ao promover a Guerra Fiscal, tirando empresas e empregos de nosso estado. Dória é só mais um usurpador do Governo de São Paulo, mais um traidor do povo Paulista. Cadeia é pouco para esse senhor.

*O autor é Professor de História e ex-presidente do MSPI.

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