12/04/2014
O presidente do MSPI concedeu uma entrevista ao blog Guerreiros Paulistas.
O que é o MSPI e quais seus princípios?
O MSPI-Movimento São Paulo Independente, como o próprio nome já indica, é um
movimento, logo, tem por função essencial movimentar as pessoas em torno da ideia do
separatismo paulista, buscando conscientizá-las e mostrar a muitas pessoas que sempre
defenderam sozinhas, após chegar a conclusão por si mesmas, graças a uma análise
empírica da realidade e viram que o separatismo é a solução, que elas não são peixes
fora d’água, e não defendem uma ideia de loucos. O separatismo é uma verdade auto
evidente àqueles que buscam se utilizar da razão para compreender a realidade social
do Brasil.
Quanto aos nossos princípios, o MSPI se destaca um pouco de outros movimentos
separatistas que existem na região Sul do Brasil e mesmo em São Paulo, graças ao seu
enfoque na questão identitária. O identitarismo bandeirante passa por uma reavaliação
e um renascimento do sentimento de “Ser Paulista”. E para reforçar esse sentimento
do Ser Paulista, o MSPI tem trabalhado fortemente para promover ações que estejam
nessa direção. Temos buscado conscientizar os muitos Paulistas que perderam, graças
a anos de uma espuma cultural com temática não Paulista na mídia, de sua real
identidade nacional, como Paulistas.
Sem a identidade não pode haver povo nem nação. São Paulo, mesmo com todos os
problemas contemporâneos tem cultura própria e ímpar, identidade (sentimento de
pertencimento), povo e território, ou seja, temos todos os elementos para constituir um
estado nação. Basta a conscientização disso, e é nesse sentido que o MSPI tem também
trabalhado fortemente.
É possível apontar, na história brasileira, razões para justificar a existência do
MSPI hoje em dia?
Acredito que para aqueles que já se dedicaram a análise racional da realidade social
Paulista podem muito bem, por si sós, chegar a conclusão de que a causa separatista
não é apenas justa, mas é também aquela mais razoável para resolver essa calamitosa
situação a qual o Povo Paulista é submetido.
Existem outros elementos de ordem histórica para justificar a tese separatista, e são
muitos, aliás.
Primeiramente é necessário citar o exemplo deixado por nossos antepassados, que em
1641 aclamaram o “homem bom”, Amador Bueno, como seu rei, de modo a não se
sujeitar ao governo português, recém reinstaurado. Foi a primeira vez na América que
um movimento por independência ocorreu.
Em 1887, dentro do PRP, o Partido Republicano Paulista, a segunda corrente mais
forte era aquela constituída de separatistas (ler “A Pátria Paulista”, de Alberto Sales,
também o livro de Cássia Aducci que tem o mesmo título, além do trabalho do
professor José Ênio Casalecchi a respeito do PRP), e foram esses separatistas também
importantes agentes na criação de condições para a derrubada da monarquia
centralista no Brasil em 1889. O resultado prático disso tudo foi, além da mudança do
regime de governo, a criação da mais adequada constituição que já teve o Brasil, a
Carta de 1891, que consagrou o federalismo.
Ou seja, é o separatismo Paulista assunto muito antigo. Até o período minerador
(século XVIII) São Paulo era uma região muito isolada, e a coroa portuguesa somente
procurava os Paulistas em caso de naufrágio na costa, cobrança de impostos ou
necessidade de defender o território. Enquanto outras regiões viviam em bonança de
enormes senhorios, sobre o plantation escravocrata, São Paulo vivia com o suor do seu
rosto, em uma sociedade muito mais democrática do que existia em noutras partes das
colônias portuguesas. São Paulo sempre foi diferente das outras regiões da América
portuguesa. Seja até o século XIX, durante o século XIX (período do café, por
excelência) e depois até hoje. Nunca o desenvolvimento civilizacional de São Paulo
assemelhou-se ao de outros lugares do Brasil, aliás, diria, que eles estão no movimento
contrário.
Se a opção é separatismo, o que seria dos outros estados brasileiros?
Cada um deverá seguir o seu caminho, de acordo com aquilo que a sua população
soberanamente decidir. Se decidirem viver agrupados ainda sobre o nome e a bandeira
do Brasil que vivam. Se quiserem viver unidos, sob regime confederativo, que assim
seja, nada deve impedi-los. Todavia certeza há de que haverá necessariamente uma
mudança estrutural profunda, ou pelo menos uma chance de ouro para tal, já que a
população poderá ver que a sua elite dirigente é ultrapassada, mesquinha, só pensa em
si e em sugar tudo o que o povo produz de bom. Esse tipo de elite não é uma elite no
sentido positivo que o termo precisa conter. Todo o povo precisa de uma elite dirigente.
O que não pode acontecer é ter uma elite que não pensa na sua existência enquanto
modelo e prócere, mas apenas como uma existência parasitária.
As elites no Brasil não sabem ser elites. Pois elas precisaram aprender a sê-las, pois o
povo dos estados, em especial do nordeste, certamente não aceitaram viver em penúria
maior ainda, já que a “pata dos ovos de ouro”, São Paulo, não estará mais fazendo
parte desse país, e, portanto, não poderá deixar-se mais ser roubada pelas elites do
Brasil.
O que prevalece? Uma cultura brasileira ou uma cultura regional em cada estado?
Não existe cultura brasileira enquanto uma civilização orgânica. A brasilidade, termo
que se usa para falar da suposta identidade brasileira, é um conceito criado por
intelectuais sempre com o apoio oficial do Estado Central, desde o período imperial.
Os intelectuais receberam uma missão de escrever uma “história do Brasil” o que só
pode ser considerado como peça de ficção, já que não existia o Brasil antes de 1808,
pelo menos, e mais corretamente, 1822 com o episódio da independência. O que existia
era a colônia portuguesa na América, que contava com várias populações euro
americanas: Paulistas, fluminenses, pernambucanos, baianos, etc.
Hoje, graças à ação coordenada do Estado e seus acompanhantes de luxo, o poder
econômico e a mídia, passa-se tranquilamente a ideia de que existe uma identidade
brasileira. E de fato, para muitos isso é ponto pacífico. O ex-presidente FHC foi
perguntado certa vez em uma entrevista sobre o fato de, por que, hoje em dia, não se
lançarem mais no mercado editorial ensaios monumentais sobre a identidade, a cultura
e a civilização dita brasileira, e o mesmo respondeu que hoje esse tipo de texto não se
faz mais necessário, pois a sua missão, de criar entre as classes ilustradas do país, uma
identidade, uma lógica agregadora, já havia sido realizada. Não mais há necessidade
de ensaios como “O Povo Brasileiro”, “Casa Grande e Senzala” ou “Raízes do
Brasil”, hoje suas missões já foram cumpridas.
Logo a suposta identidade brasileira nada mais é do que uma espuma artificial, que em
breve será varrida pela força da história. Não há como vencer a identidade real dos
povos. Cito aqui uma frase do historiador Alfredo Ellis Jr°: “não existe história do
Brasil como um conjunto homogêneo. Ela é a soma de capítulos de histórias
regionais”.
Eu creio que não se pode, do ponto de visto objetivo mesmo, falar em culturas
regionais, no sentido que no Brasil se atribui a regiões geográficas, ou seja, não existe
cultura sulista, mas cultura do Rio Grande do Sul, cultura de Santa Catarina e cultura
do Paraná. Menos ainda existe uma cultura sudestina e mesmo falar em cultura
nordestina é muito difícil. As diferenças antropológicas entre a Bahia e o Pernambuco,
ou o Ceará e Alagoas são muito grandes. Não há como falar em cultura nordestina sem
se falar numa outra construção quase tão artificial quanto a famigerada brasilidade.
Quem são os aliados e as oposições ao MSPI?
O único aliado que conta o MSPI é a ordeira população Paulista, que está farta dessa
situação que ela se depara todos os dias. Nós queremos viver em paz, desfrutando o
fruto do nosso trabalho, que conquistamos com o suor do nosso rosto, mas nos é tirado
todos os dias através dos impostos abusivos que pagamos à Brasília. Mesmo o direito a
uma cultura saudável não nos é dado, pois ao ligar a TV o que se tem é só o mesmo lixo
midiático, vendido a uma população trabalhadora cansada e sem maiores opções de
lazer.
Nesse sentido, nossa oposição principal é a todos aqueles que defendem esse atual
estado de coisas que vemos em nossa pátria.
Em segundo lugar, no Brasil, em especial, e na América latina, como um todo, o
nacionalismo acabou por se transformar em uma força de esquerda, e muitos
nacionalistas verde-amarelos são esquerdistas natos. Esses adoram vir tripudiar da
causa separatista, mas carecem de maiores argumentos, carecem de fundamentação
teórica e histórica. Sua defesa é meramente sentimental, irracional, e num certo
sentido, ideológica, pois como já pondera o historiador mineiro João Camilo de
Oliveira Torres, toda ideologia carrega consigo, primordialmente, uma carga de
carácter meramente emocional. Portanto, o nacionalismo brasileiro é nosso inimigo.
Aqueles que têm honestidade precisam buscar reavaliar, com base na razão, os seus
posicionamentos anti separatistas.
Existem outros movimentos separatistas em outros estados ou até mesmo em São
Paulo?
O separatismo no Brasil ressurgiu com muita força após a redemocratização do país, e
em especial no início da década de 90. Em São Paulo o movimento moderno mais
antigo é o MSPI, fundado em 1992, pelo jurista João Nascimento Franco. Já nos anos
2000 surgiram outros movimentos, sempre se utilizando desta importante ferramenta
que é a internet. No Sul temos hoje como maior movimento “O Sul é o meu País”,
presidido atualmente pelo catarinense Celso Deucher.
Curioso foi ter notado o surgimento, também na internet, embora não só nela, de um
forte espírito separatista no Estado do Rio de Janeiro. Isso se deu após a questão da
divisão dos royaltes do Pré Sal.
Em São Paulo atualmente o mais ativo movimento separatista é o MSPI, que realiza
reuniões públicas periodicamente, divulga sempre as suas atividades e convida mais
pessoas a realizarem ações por São Paulo. Existem outros movimentos que soubemos,
tiveram início como a Liga Paulista pela autonomia, coordenada pelo senhor Roberto
Tonin, mas que ao que parece encontra-se em standby, além do MRSP, que tem sua
atuação hoje restrita apenas a internet.
Aos interessados, o que é preciso fazer para se juntar e cooperar com a causa?
O MSPI conta apenas com o trabalho voluntário dos seus ativistas. Ninguém aqui
recebe nenhum dinheiro pelo que faz por São Paulo. Nossa obra é uma obra de amor
pela Pátria Paulista. Quem compartilhar desse mesmo amor basta acompanhar nossas
atividades, que são públicas e sempre divulgadas na internet, em nossa página oficial,
grupo e site. Eventualmente fazemos arrecadações para cobrir gastos que temos, mas
todas são de carácter voluntário e esporádico.
Logo, para participar, basta estar disposto e nos acompanhar nessa jornada patriótica.