terça-feira, 4 de junho de 2024

Encontro separatista realizado em 2024

 A direção do MSPI realizou na capital bandeirante um breve encontro de apoiadores, no mês de março/2024, onde foi possível tratar de questões relativas ao futuro da Causa Paulista e do MSPI. 

Novas reuniões públicas serão convocadas em breve. Nos acompanhe em nossas redes sociais.



sexta-feira, 4 de novembro de 2022

A questão separatista e a volta do petismo

J. Lucas de Almeida M.



A eleição de Lula para presidente do Brasil, em 2022, representou a erupção da questão separatista no Brasil, após um breve período de hibernação. Os quatro anos de governo Bolsonaro serviram para asfixiar movimentos e lideranças independentistas. Inúmeros simpatizantes desse ideal foram ingenuamente cooptados por bolsonaristas. Um influente exemplo, neste caso, é a organização O Sul é Meu País. Outrora vigorosa e pujante, atualmente não traduz 30% do que foi há cinco ou seis anos. Muitos quadros desse movimento foram ludibriados pelo discurso de Jair Bolsonaro e deixaram de lado a grandiosa causa de independência do povo sulista. Em São Paulo a situação não foi distinta. Certos indivíduos caíram na lábia de que o Brasil poderia ser reformado por uma figura “honesta e visionária” como Jair Bolsonaro, após décadas de esquerdismo. Mera propaganda enganosa, que contudo viria causar estrago no sonho secessionista.

Costumamos argumentar nos fóruns e grupos do Movimento São Paulo Independente que a totalidade das associações independentistas do continente americano ainda estão num estágio mediano ou inicial. No caso de São Paulo, justiça seja feita, estamos na etapa intermediária. Não somos anêmicos como os movimentos pró-separação de Zulia na Venezuela ou tão atléticos quanto os separatistas sérvios de Srpska ou do Curdistão. Precisamos ampliar nossa atuação e nada melhor do que captar recursos pra expandir nossas atividades, ativismo, agitação e propaganda política.

O estágio do separatismo paulista é semelhante ao texano. Aproximadamente 70% dos seus apoiadores votam em Donald Trump, embora não deixem de apreciar a ideia de uma nação texana livre e soberana. De fato, é um problema, que faz parte do processo de evolução política. Não podemos cabriolar etapas históricas, sob pena de malogro do fim político. No entanto, é indispensável higienizar o Movimento São Paulo Independente de sentimentos reformistas e de tratamentos paliativos para a doença chamada República Federativa do Brasil.

Na Argentina, logo após os sucessivos reveses de Alberto Fernandéz, o debate separatista alvoreceu a ganhar holofotes na Argentina. O povo de Mendonza, exausto de anos de aflição socialista, está empreendendo a sua jornada em prol da liberdade e soberania. Mais ao sul, nossos irmãos da Patagônia, estão medindo esforços para persuadir toda nação patagônica contra Buenos Aires.

O fim político de Jair Bolsonaro poderá ser congênere ao do ex-presidenciável Aécio Neves. A pusilanimidade de Bolsonaro de amenizar a linguagem e não atacar o petismo é a exata do PSDB nas últimas eleições (2002, 2006, 2010 e 2014). Ao se apresentar como uma fortaleza antipetista, Jair Bolsonaro angariou seguidores e supriu a lacuna deixada pelos tucanos. Como sabemos, esse partido está praticamente submetido a desvanecer do cenário político nacional ou ser obrigado a abraçar a algum outro partido, em virtude da sua patética e generosa “oposição” às políticas do lulopetismo. Tão aleivosa foi a “resistência” tucana ao PT que os cardinais quadros desse partido abertamente manifestaram apoio a Lula nas eleições de 2022 (Geraldo Alckmin, José Serra, Aluísio Nunes, Fernando Henrique Cardoso e outros).

Apesar de ser uma criatura de admirado carisma, Bolsonaro não ousa romper com o sacrossanto Estado Democrático de Direito, embora seus adversários tenham extrapolado a decência e as regras do jogo político incontáveis vezes. Em momentos de elevada temperatura, como foi o 7 de setembro de 2021, Jair Bolsonaro decidiu tomar uma dose de dipirona e abortar a febre popular contra os excessos do Supremo Tribunal Federal, ainda que tivesse uma parcela da população disposta a cometer sacrifícios em prol da nação. Bastava um simples aceno do “mito” para incendiar toda pradaria.

Quiçá Bolsonaro não tenha a idêntica sorte de Aécio Neves. Em 2017/18, a PF esteve prestes a agrilhoar o cacique mineiro. A irmã chegou a ser detida, todavia o político, com o amparo de bons juristas, conseguiu se esquivar. O neto de Tancredo, desde então, desapareceu das redes sociais e se manifesta timidamente nas questões partidárias e nacionais. Na eleição de 2022, Aécio logrou mais um mandato de deputado federal por Minas, porém isso deve ser considerado um mero prêmio de consolação, pelo que esse personagem da política nacional já foi no passado.

Prestes a deixar a presidência, Bolsonaro ficará sem o foro privilegiado, o que aumenta o risco de ser investigado e preso por inúmeras acusações que pairam sobre sua pessoa, notadamente desde sua polêmica atuação na pandemia até o esquema de rachadinha que seus oponentes o acusam.

Diante de um cenário no qual Bolsonaro seja aprisionado, o bolsonarismo possivelmente não terá glória. Não existe getulismo sem Getúlio Vargas, assim como não existe trotskismo sem Trotski e nem lulismo sem Lula. O nome de Tarcísio é o mais forte até o dado momento, entretanto não sabemos o quão eficiente e preparado é esse ilustre cidadão. Seu nome foi feito através do Whatsapp por tios bolsonaristas na andropausa e tias na menopausa. O tempo dirá o quão qualificado é Tarcísio Gomes de Freitas. Caso obtenha brilhantura encabeçando o maior Estado da América do Sul, com certeza fará do seu mérito um trampolim para disputar a presidência do Brasil, como Geraldo Alckmin, José Serra, Orestes Quércia e Paulo Maluf fizeram.

Preferimos não depositar esperanças em políticos reformistas e emboabas e nem naqueles que usam São Paulo apenas como meio para pavimentar o sonho de ocupar o Palácio do Planalto. Nosso caminho é tão somente a separação de São Paulo do Brasil. O lulopetismo no Brasil e o peronismo na Argentina são os melhores "cabo eleitorais” do separatismo sul-americano. A eleição presidencial de 2022, no Brasil, comprovou o quão divergente é o interesse econômico e político das regiões. A única solução, mais uma vez, para o problema chamado Brasil é a secessão.

REFERÊNCIAS: Desilusão na Argentina ressuscita o separatismo. Disponível em: <https://revistaoeste.com/mundo/desilusao-na-argentina-ressuscita-separatismo/>Acesso em: 03 nov. 2022

quarta-feira, 13 de julho de 2022

09 de Julho de 2022

 Agradecemos a presença, a participação e apoio de todos os amigos da Causa Paulista que estiveram conosco, no último sábado, para participar do Desfile Cívico de 9 de Julho.



sábado, 25 de junho de 2022

Radicalizar é preciso, separar é imperativo.



Por J. Lucas de Almeida M.

Não são poucas as pessoas que acreditam que um dia o Brasil possa ser um país decente e próspero. O otimismo parece ser a marca registrada do brasileiro, podendo mencionar a conhecidíssima música “Amanhã vai ser outro dia”, do compositor Chico Buarque. Nela, a ânsia de um futuro melhor e livre da ditadura de 64, consegue trazer luz e vida a uma existência melancólica, conforme o cantor destaca na letra. A cada dia o cidadão comum é bombardeado com “boas notícias”: escândalos de corrupção, alta no número de homicídios, aumento da inflação, impunidade, subida drástica do dólar, instabilidade política e desemprego galopante.

Na literatura, nomes como do pregador espírita, Chico Xavier, criaram obras retratando, sob um prisma positivo, o papel do Brasil no mundo. Especificamente, “Brasil, coração do mundo e pátria do Evangelho”, tenta persuadir emocionalmente o leitor da missão espiritual que a nação brasileira tende a desempenhar no mundo.

O problema dessa narrativa é que ela é fundamentalmente religiosa, ou seja, não apresenta qualquer comprovação científica. Não adentrando em questionar os clichês fartamente escritos por Chico Xavier no manuscrito: grandeza territorial, bondade/hospitalidade do brasileiro, abundantes recursos naturais e potencial econômico. Se tratando do Brasil e o inerente complexo de inferioridade que o brasileiro tem, o livro serve, em primeira análise, para despertar ufanismo no coração do indivíduo castigado pela triste realidade brasileira: somos uma pátria sem futuro, sem importância e sem brilho para o globo. Podemos destacar, por consequência, o fato que a obra foi redigida (1938) durante o governo autoritário de Getúlio Vargas, marcado por um desregrado sentimento nacionalista, que possivelmente teria influenciado a qualidade do exemplar, como o afamado panfleto “Brasil, país do futuro” de Stefan Zweig. São escritos clássicos, contudo conseguiram colonizar o imaginário doméstico e internacional por décadas.

A pergunta que muitos fazem atualmente é: por que o Brasil deu errado? Bem diferente da certeza do passado: o Brasil é o país do futuro! O parlamentar monarquista e descendente de D. Pedro II, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, se propôs a responder essa indagação no livreto “Por que o Brasil é um País Atrasado”, galgando diagnosticar os erros que impediram o pleno desenvolvimento brasileiro. De antemão, se trata de um endosso ao passado monárquico, este sim grande responsável pela pífia capacidade industrial e a acachapante desigualdade socioeconômica que aflige o País.

O apresentador Luciano Huck, sempre cogitado a disputar o cargo de presidente, chegou a admitir que o Brasil fracassou como Estado-nação. Em outros termos, é uma sensação que está se difundindo e fincando raízes no pensamento popular. Com a explosão de canais e páginas de História, o “afegão médio” terá a chance de aprender fatos, temas e curiosidades até então inacessíveis ou desconhecidas por grande parte da população.

A capa da revista Isto É de setembro de 2021 publicou “O Brasil que dá certo”. Corrigimos: trata-se de São Paulo, administrada por João Dória e Henrique Meirelles, mesmo diante dos percalços enfrentados durante a pandemia do Covid-19. O texto detalha que o crescimento econômico paulista segue positivo, em contraponto ao do Brasil, acostumado a regredir nas últimas décadas. É óbvio o rol de críticas e xingamentos que podemos outorgar ao governador paulista, sobretudo pelo seu oportunismo político e exacerbado nacionalismo brasileiro, mas é manifesto que ele tem em mãos uma nação rica e com um formidável potencial, comprovando-se pelos números, dados e estatísticas.

Lula e Bolsonaro são dois retratos do mesmo Brasil, com pequenas nuances no campo ideológico. Ambos conseguiram iludir seguimentos sociais, sedentos por mudanças práticas. Eles representam a falência moral e política que marca tanto a esquerda quanto a direita brasileira. Hoje, são repudiados por uma imensa quantidade de eleitores cansados de juramentos falsos. Esse sentimento de desencanto com a velha política brasileira deveria ser revestido para a edificação de uma terceira via genuinamente radical: o separatismo.

Não interessa aos burocratas de Brasília alterar o status quo e nem sanar os embaraços que vivemos desde 2013. A verdadeira transformação está na potencialidade de cada estado federativo, revoltar-se contra as políticas e desígnios dos donos do poder. A cidade de Brasília foi genialmente projetada para ser um bunker, impedindo, em tese, que a casta política possa sucumbir a pressões populares como na antiga capital Rio de Janeiro. O campo de batalha contra o Brasil deve estar, principalmente, nas assembleias de poder estaduais.

O Brasil, tal como a União Soviética, é irreparável. A ortodoxia marxista-leninista não conseguiu se sustentar por mais que seis ou sete décadas. As contradições internas provocaram mudanças estruturais relevantes, com a independência das quinze repúblicas. É perceptível que algumas nações se tornaram afortunadas, como o caso dos Bálticos; outras, entretanto, não lograram a circunstância do fim do comunismo para gerar riqueza e felicidade. Assim será o enredo independentista pós-Brasil: uns transbordando abundância outros chafurdados no mais absoluto bananismo. Como paulistas, não devemos nos preocupar senão com o nosso futuro e bem-estar. Cada nação terá a governança que merece.

Em síntese, não devemos insistir em soluções genéricas e reformistas para o Brasil e nem se enganar com líderes messiânicos. Radicalizar é preciso, separar é imperativo!

REFERÊNCIAS

O Brasil que dá certo. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2021 'O Brasil não deu certo', diz Huck em evento com presidenciáveis. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2021/04/17/o-brasil-nao-deu-certo-diz-huck-em-evento-com-presidenciaveis.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 10 set. 2021

*O autor é apoiador do MSPI.

terça-feira, 31 de maio de 2022

A liberdade histórica dos Paulistas.

JÚLIO BUENO

 Quem sempre acompanhou o nosso movimento e o nosso ideário, há 30 anos, sabe que o espectro político da assim chamada direita sempre foi predominante. Não que influências dissidentes não se fizessem presentes. O aspecto anárquico do federalismo, autonomia e descentralização sempre esteve presente. É o resultado do liberalismo primevo e quase inocente, uma resposta ao autoritarismo do estado brasileiro, de Getúlio e dos militares. Talvez esse sentimento não tenha se disseminado tanto quanto deveria. Confesso que sou partidário dessa visão um pouco idílica de separatismo, que pensa na autonomia política, na cidadania verdadeiramente participativa, com democracia local, direta, com variedade e multiplicidade regional. Na variedade está assentada a autonomia. Se todas as regiões e povos fossem iguais, sem diferenças, a autonomia seria desnecessária, pois uma só lei, uma só regra universal bastaria à todos. Essa não é realidade. A realidade é a diversidade das culturas regionais. suas formações e constituições históricas. Diante dessa variedade, a necessidade da autonomia se impõe, seja do estado perante ao país, do município perante o estado e dos bairros diante das cidades. A verdadeira democracia é aquela exercida no condomínio, na rua, na vila e nem sempre é resultado de uma votação nominal, mas da dinâmica advinda de uma participação espontânea e livre.

O Separatismo Paulista é também, de alguma forma, elitista. No século XIX, quando o leitor faz um exame detalhado do livro "A Pátria Paulista", de Alberto Sales, pode observar que a excepcionalidade Paulista é fruto de uma ação destacada dessa "raça de gigantes", como chamava Alfredo Ellis Júnior ao "Paulista Velho", o quatrocentão, o filho da elite da terra, formada aqui desde o século XVI. Com todas as dificuldades que a natureza indômita apresentava ao colonizador, ele soube construir no Planalto Piratiningano e em São Vicente uma república de per si. Era terra abandonada e pouco valorizada pela Coroa Portuguesa, que não julgava ser São Paulo local tão atraente para obter maiores divisas. Não cabia comparação frente à riqueza que a exploração agrícola da cana de açúcar da região nordeste proporcionava. No princípio o desbravar das terras mais ao sul ficou com a empresa privada, com as bandeiras, de captura de indígenas e de exploração mineral. O sonho do Eldorado Paulista, o Sabarabuçu de que falavam os índios, terra sem males, acendia os ânimos dos exploradores. Era um sertão cheio de feras, índios, pestilências, clima quente. Um grande desafio para qualquer europeu que aqui aportasse. Quando os Paulistas encontraram as riquezas auríferas em nosso território, logo a inveja e a cobiça dos nascentes brasileiros e de seus comparsas lusos correu para agir contra o interesse Paulista. Essa disputa pelas regiões mineiras, que desagua na Guerra dos Emboabas, onde ficou marcado para sempre na nossa história a negra página do Capão da Traição, sinal indelével do espírito traiçoeiro e anti-Paulista que já estava presente nos moradores de outras regiões da América Portuguesa. 

De fato, desde a época colonial, uma elite se formou em São Paulo. Mais numerosa do que os historiadores materialistas gostariam de imaginar. Tratamos de elite não falando em luxos e grandiosas riquezas, mas sobretudo da riqueza do maior ativo que o indivíduo pode dispor: a riqueza de sua liberdade. Os Paulistas eram livres, sabiam operar com autonomia, diante das dificuldades da geografia e da postura que a metrópole lusitana tinha conosco. Sabíamos operar de maneira autônoma, inclusive frente ao mercado interno, consumidor ávido de produtos agrícolas de São Paulo, em especial no século XVIII (mas já desde o XVII), época de glória e fausto da civilização caipira do ouro e esmeraldas, formada em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Foi uma época em que em São Paulo havia carência de homens e abundância de mulheres. Nesses tempos o matriarcado foi forte por aqui. A Civilização Paulista era madura o suficiente para ter uma democracia coroada, formada de uma elite de homens bons, que em algum momento teve também uma prefiguração da participação de mulheres de bens, das matronas bandeirantes que tocavam a roça e o rancho quando os seus maridos viravam de ponta cabeça todo o sertão, a pé e no lombo de mulas. Assim é que se formou a ampla elite Paulista: pelo engenho, pela empresa, pela autonomia e pela identidade de que se é nascido nas mais antigas terras da Paulistânia. Assim se forma a Nação Paulista. Se fosse essa identidade inexistente, não teria sido possível aclamar nosso rei, o sevilhano Amador Bueno I. Não teria ocorrido a Guerra dos Cães Traiçoeiros. 

Cinco séculos de história da Pátria Paulista. Cinco séculos da Nacionalidade Paulista. Cinco séculos de permanente guerra com o Brasil. Pois a verdade é essa, toda afirmação se dá perante ao inimigo, ao adversário, ao diferente. O contrário de São Paulo é o Brasil. Em 2022 ainda gastamos nosso tempo com as intrigas falsas, de aparências, das facções políticas que controlam as instituições de São Paulo e de Brasília, perdemos tempo, perdemos dinheiro e gastamos a nossa alma com problemas que não são nossos. Cabe a nós cuidar e zelar do nosso povo e da nossa cultura. O ideário de liberdade, autonomia e responsabilidade sempre teve aqui seu reinado. Se perdeu parcialmente e deve ser completamente restituído. Não podemos temer a transposição de qualquer muro que se interponha diante do nosso ideário de liberdade. Retomar o senso e o espírito de elite dos primeiros Paulistas é um dever. Essa elite não é proveniente da riqueza material e pecuniária, antes do amor à nossa liberdade. 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

O separatismo é uma força patriótica e anti-imperialista.

J. LUCAS DE ALMEIDA M.



Nos últimos anos, tornou-se palavra de ordem nos círculos nacionalistas brasileiros, a afirmativa que o separatismo é um estratagema do imperialismo contra o Brasil. De fato, o separatismo pode ser maquiavelicamente empregado pelas grandes potências, como discutiremos um exemplo recente. No entanto, o independentismo é um mecanismo salutar e eficiente de combate ao próprio imperialismo. Ao longo da história, testemunhamos a queda de numerosos impérios, que outrora se julgaram senhores do “pálido ponto azul” descrito por Carl Sagan.

A caída do Império Austro-Húngaro, verbi gratia, possibilitou a edificação de um equilíbrio de poder regional, limitando a autoridade internacional de Viena desde 1918. A Áustria, reputada sucessora do suntuoso e arrogante Império Habsburgo, é uma expotência imperialista derrotada pela autodeterminação dos povos. O imperialismo de Viena sempre encabeçou uma guerra contra movimentos e intelectuais próindependência, utilizando diversos artifícios para impedir (ou adiar) a desintegração do império multicultural. Em última instância, é uma amostra do que pode vir a se tornar as nações imperialistas do século XXI: Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, China, França e assim por diante.

O separatismo é uma força patriótica, pois necessita de uma justificação para a ação política, sempre recordando e evocando o passado histórico (geralmente de contestação militar) para lutar contra os grilhões do presente. Longe de ser traduzido como um agrupamento de traidores, os movimentos separatistas são os melhores representantes de um povo e da sua mais sagrada e valiosa riqueza: a cultura.

Um problema que reflete a tortuosa relação entre o nacional e o regional é o aspecto dos heróis. No caso de São Paulo, o maior inimigo da história paulista, é qualificado como titã pelo Brasil: Getúlio Dornelles Vargas. Como fazer parte de um país quando muitos “heróis nacionais” são avaliados como bandidos, canalhas e ditadores por outras regiões? Isso não coloca em xeque a propalada união nacional? Esse dilema não é uma questão estritamente brasileira como também internacional. Abraham Lincoln e Robert Lee são personalidades de máximo respeito. Todavia, na Dixieland, Lincoln não é tão bem recepcionado, assim como Lee não é saudado com estima pelos nortistas. Como conseguir conciliar inimigos históricos? Bem, essa é uma tarefa fadada ao fracasso e comprova o quão fatigante é o liame entre regionalismo e nacionalismo. A melhor resposta, em todo caso, é o separatismo, pois se esquiva desses embaraços históricos e sociais.

Mas, nem toda “espécie” de separatismo faz jus a ser apoiada. Por exemplo, a fragmentação do leste ucraniano é uma forma grotesca de imperialismo russo materializada na Novorossiya. Na melhor das hipóteses é um “separatismo tabajara”, ou seja, não tem como fim a liberdade, mas a opressão colonial e o expansionismo moscovita que pregressa desde o período czarista e que ganha contornos cada vez mais ofensivos com a ascensão de Vladimir Putin ao poder. Da mesma maneira podemos polemizar parcialmente contra a Abecásia e a Ossétia do Sul, províncias rebeldes gerenciadas pelo Kremlin contra a Geórgia. Nestes casos, sim, o “separatismo” deve ser rechaçado, já que atende tão unicamente aos interesses imperiais de uma grande potência.

Como podemos vencer o imperialismo russo? Basta que a Karélia, Chechênia, Tartária, Yakutia, Bashkiria, Dagestão, Adyghea, Kaliningrado, Buryatia e outras regiões triunfem.

Como vencer o tão propalado imperialismo ianque? Apoiando uma nova Confederação, a separação da Cascádia, Califórnia, Nova Iorque, Alaska, Deseret e Hawaii.

Como golpear o imperialismo chinês? Oferecendo apoio aos povos irmãos de Xinjiang, Taiwan, Macau, Hong Kong, Tibete e Mongólia Inferior.

Como aniquilar o imperialismo inglês? Dando auxílio para os escoceses, galeses e irlandeses.

Não será uma classe (proletária) que vencerá o imperialismo, como os marxistas “profetizaram”, mas sim uma determinada cultura e um povo reivindicando autodeterminação e independência.

O independentismo é uma arma contra o imperialismo dos Estados Unidos, China, Canadá, Japão, Rússia, França, Inglaterra, Espanha, Turquia, Irã, Israel, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Alemanha e Itália.

Os povos que vivem nos territórios da antiga Confederação americana não compartilham os mesmos interesses políticos, militares e econômicos dos banqueiros de Wall Street, dos playboys de Beverly Hills ou dos falcões da guerra de Washington.

É o nosso grande desejo viver em uma nova América do Sul, onde a grotesca rivalidade entre Brasil e Argentina dará lugar à amizade entre São Paulo e a Patagônia; entre a nação sulista e Mendonza. O futuro, sem sombra de dúvida, é a secessão universal dos povos!

REFERÊNCIAS

A Pale Blue Dot. Disponível em: . Acesso em: 16 dez. 2021

*O autor é apoiador do MSPI.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Mensagem enviada à Aliança Livre Europeia (European Free Alliance)


Senhora Lorena Lopez de Lacalle, presidenta do Partido Europeu de Representação dos Povos e Nações sem estados (EUROPEAN FREE ALLIANCE), nos reportamos à senhora como representantes do povo PAULISTA, habitantes do Estado de São Paulo, parte atualmente da República Federativa do Brasil.

São Paulo é uma nação que procura, há muitos séculos, a sua completa emancipação política. Em 1641 fomos a primeira região de todo o continente americano a buscar a sua independência, quando aclamamos a um rei, Amador I. Desde 1641 outras tentativas de emancipação política e exercício da secessão e autodeterminação do povo Paulista foram tentadas, como em 1887, 1932 e em 1964. 

O estado de São Paulo possui cultura, história e tradições próprias, distintas de outras regiões do Brasil. Nossa formação étnica passou, desde o século XIX, por uma vinda muito grande de imigrantes, que acabaram se adaptando ao modo de vida tipicamente Paulista. A integração cultural de nossos imigrantes foi perfeita, resultando em uma rica cultura.

São Paulo é, há um século, o estado brasileiro mais rico e mais desenvolvido economicamente de todo o Brasil. Todavia, o governo central brasileiro, cuja sede está em Brasília, pratica um verdadeiro e descarado neocolonialismo interno. Retira porções imensas de recursos econômicos de São Paulo e não faz aqui investimentos e nem aportes financeiros condizentes com o tamanho de nossa população. 

Agora em 2022, completam-se 30 anos que a Associação Civil Movimento São Paulo Independente está ativa em defesa do direito de autodeterminação do Povo Paulista. Somos uma entidade já histórica na defesa de nosso ideal. 

Buscamos estabelecer um diálogo mais franco e aberto com entidades congêneres em todo mundo, que defendam uma agenda política baseada em liberdade política, igualdade isonômica dos cidadãos dentro de seus países, do direito de autodeterminação dos povos e da busca pela preservação e manutenção das identidades nacionais e culturais históricas. 

Nos colocamos completamente abertos ao diálogo com a European Free Alliance e com os partidos políticos membros dessa notável instituição europeia.

Esperamos poder estabelecer um forte laço de apoio e solidariedade internacional com todos os povos europeus, que também estão em busca de uma melhor representação política e respeito pelas decisões democráticos de todos os povos e minorias étnicas.

Com respeito e votos de sucesso em 2022.

Associação Civil Movimento São Paulo Independente.

São Paulo, 03 de janeiro de 2022.

Júlio Bueno

Secretário Geral do MSPI.

Encontro separatista realizado em 2024

 A direção do MSPI realizou na capital bandeirante um breve encontro de apoiadores, no mês de março/2024, onde foi possível tratar de questõ...